Querem calar a boca do CQC!


Errar é humano. Mas persistir no erro é burrice. Vejam a cena:

Tas, Luque e Rafinha se divertem como colegiais na bancada mais ácida da TV brasileira, no CQC da banda. Piada vai, piada vem e pronto: Marcelo Tas se refere às meninas do Sexy Dolls, atrizes pornô, usando a palavra proibida: prostituta. Ele já tinha escorregado no mesmo erro com Pamela Butt, outra atriz do ramo, pedido desculpas e tudo bem.

Mas agora foi diferente. As Sexy Dolls resolveram processar o programa por danos morais e materiais e conseguiram uma liminar que impediu a reprise da matéria sobre elas no sábado. Como se não bastasse, o último programa ao ir ao ar foi gravado por "restrições técnicas", e não ao vivo como de costume. Previsão de que o próximo também role no mesmo esquema.

De cara, os fãs pseudo-inteligentes se revoltaram e atacaram com todas as pedras as pobres garotas. Me arrepiou ver comentários do tipo: "elas não têm moral pra falar nada" ou "são um bando de vagabundas". Confesso que também caí no raciocínio fácil de dizer que atriz pornô e prostituta é a mesma coisa, afinal ambas fazem sexo por dinheiro, mas depois de umas conversas comecei a pensar melhor sobre o assunto.

Uma coisa é mandar uma dessas numa conversa de bar, entre amigos. Outra é chamar a Boing Boing de prostituta em rede nacional. Mesmo que seja um ato falho, como foi o caso do Tas. Isso porque a distância entre o que você diz e o que interpretam a partir do que você disse é grande. Aceito dizerem que na prática é a mesma coisa, mas as humilhações pelas quais passa uma prostituta no Brasil, onde a profissão não tem uma regulamentação decente, são incomparáveis diante do esquema de trabalho de uma atriz pornô. Sim, são trabalhos parecidos na prática, mas muito diferentes nas circunstâncias.

Agora, que o Tas vacilou, vacilou. É uma pena porque eu realmente aposto que os caras do CQC não compartilham desse preconceito falso-moralista em relação às atrizes pornô, e nem às prostitutas. Mas nem a minha convicção, nem a revolta dos fâs e nem as desculpas do Professor Tibúrcio vão desdizer o que foi dito. Os inimigos do CQC devem estar felizes da vida.

E agora é isso. CQC vai ao ar em uma versão sem graça nem tempero, editada e reeditada, para conter os "excessos" da rapaziada da bancada. Esse caso é peixe pequeno, só serve pra dar assunto no orkut e no twitter. Quem estiver interessado em conter a censura velada que querem impor ao programa tem que ficar ligado nos verdadeiros interessados em calar o zumbido da mosca. Quer descobrir quem são? Ah.. é só somas dois mais dois...

Onde os fracos não têm vez



Acabei de assistir à final do Abrendiz 6 Universitário. Suportei o sorriso robótico do Roberto Justus só pra saber quem afinal ia ganhar a tal peleja. Como um convicto espectador esporádico do reality, sabia alguma coisa de cada uma das finalistas, mas, como eu já disse por aqui, é no último episódio que tudo fica claro. Eles souberam muito bem desenhar perfis antagônicos, conflitantes, caricatas, quase. De um lado, Marina, uma impetuosa estudante de publicidade ("eles só querem ganhar dinheiro"), 20 anos, olhos azuis brilhantes. Na outra ponta, Karina, futura jornalista, 25 primaveras, merecedora de adjetivos do tipo "centrada", "sabe o que quer", além de gostar e saber trabalhar em equipe. Dionísio e Apolo na tela da Record.

Marina levou. O prêmio: um milhão de reais e um trainee na agência do Justus, onde vai ganhar um absurdo salário de "10 barão", como se diz(ia) por aqui no subúrbio. Assim fica fácil sacar o que eles esperam de quem está entrando agora no sufocante mundo corporativo né? Karina era a candidata perfeita. Sabe gerenciar, delegar funções, é objetiva e ponderada em seus atos e opiniões. Marina parace uma criança hiperativa, disparando o tempo todo clichês do nível de "não me contento com pouco", "estou aqui para vencer". Eles não querem um profissional preparado; querem uma espécie de potro bravio, à espera de um treinamento que os transforme em máquinas mortíferas. "Faço tudo para alcançar meus objetivos", "Primeiro eu, depois os outros", e por aí vai.

Espírito empreendedor não é isso. O circo do Roberto Justus o traduz em histeria, em inconsequência, em potencial vazio. Ser empreendedor é analisar, antes de agir. Se eu fosse a Karina, faria a descortesia de ignorar solenemente o eságio-consolação da Vivo e ia fazer o que um jornalista sabe fazer: mediar, traduzir, analisar, interpretar, provocar. Tudo isso, em outras bandas, onde seus talentos mais 'apolíneos' fossem reconhecidos.

 
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