BBB 10: dá pra engolir mais um?

Final de Big Brother é igualzinho a último capítulo de novela das oito: se você não viu nenhum segundo da temporada, entende tudo de um gole só, graças às pilhas de flashback. Talvez por isso, assim como nos folhetins, o capítulo derradeiro atraia públicos bem distintos. Quem acompanhou toda a temporada, move céus e terras pra não perder o desfecho da história; quem não viu, é acometido pela feroz tentação de saber o que vai rolar, nem que seja pra criticar e bravejar discursos sobre o ópio do povo, pão e circo, e outras coisas inteligentes.

E lá vamos nós, então. A primeira parte do programa é um resumão de tudo que aconteceu de mais importante na casa, sob batuta do "verdadeiro líder" (BIAL, Pedro), o telespectador brasileiro (tá bom!). Brigas, amores, intrigas e paredão eram os momentos mais lembrados dos entrevistados pelo "de Olho no BBB", representantes do tal telespectador que manda na história toda. Semelhanças não são meras coincidências: a fórmula é a mesma desde a primeira edição no do programa, só mudam os temperos.


Parece que essa repetição rigorosa dos pontos fortes do programa, ao contrário de cansar o público, só facilita as coisas. Afinal, a cada edição fica mais fácil ver quem é o mocinho, que grupos estão se formando ou deixando de se formar, quem tem cara de líder e quem não tem. Meu avô costumava dizer, a respeito das novelas: "novela também faço uma!". Assim como já aconteceu com as novelas, estamos começando a nos acostumar com o roteiro do BBB e, consequentemente, diminuindo a necessidade de pensar.

Isso explica a manutenção dos altíssimos índices de audiência. Ok, a nona edição não chega nem perto dos 59 pontos de Ibope da primeira, quando o programa era novidade por aqui, mas 47 de pico é ponto pra nego nenhum botar defeito! Pra não falar do recorde de faturamento que essa edição bateu, com patrocinadores disputando a tapa o horário do show.

Contrariando as conspirações de conversa de esquina, onde meia dúzia discutem se o programa é ou não "armado", acho que a espontaneidade é o valor que mantém de pé o reality show. Bial disse isso na interminável resenha antes da revelação do vencedor, muito bem dito. Pra quê mexer demais no que veio pronto, afinal? O segredo da sobrevivência do BBB é a diversidade do ser humano: a edição, a manipulação e as palavras bonitas do apresentador pitoresco são detalhes.

Respondendo à pergunta, digo que cabe, sim, mais uma edição no ano que vem, mas juro: não vejo nem um segundo desse lixo, com exceção da final, que não perco nem por um decreto!

A Veia Musical



"Todo compositor brasileiro é um complexado!" (Tom Zé)

Quem vos escreve também empunha uma guitarra elétrica nas horas vagas. E nas ocupadas também. Se há alguém lendo aí do outro lado, é provável que o assunto escape para esses posts de vez em quando. Afinal, há muito o que falar sobre o charmoso, porém ordinário, universo underground. De qualquer forma, a verdade é que, depois de alguns anos, minha banda começa a dar passinhos tímidos, como ensaios regulares e composições sólidas. Mas nem sempre foi assim.


Então vamos lá. Pra contar uma história direito, é melhor contar do começo. Escolhi alguns versos que marcaram o início da nossa caminhada. Desde essa época, o bando de moleques com instrumentos de segunda linha costumavam se autodenominar "Atividade 3". Esse nome mudou uma vez, há pouquíssimo tempo, quando passamos a viver como foras-da-lei da propriedade intelectual: em março, fizemos alguns shows com o nome de "Savante". Qual não foi nossa surpresa quando certa "Savant" surgiu das profundezas do thrash metal pra cortar nossas asinhas.


Show na Ilha do Governador. Ao fundo, povo dançando ao som de covers de Pearl Jam. No primeiro plano, Henrique na guitarra.


Mas o que vocês vão ler agora foi antes disso tudo. Com vocês, "Homens Canibais", a música que nunca foi (nem será) tocada fora da garagem do Paulo.


Homens Canibais
Diego Oliveira

Mundo sem destino
Homens canibais
Prisão de angústia
Jogo de Rivais

Eu vejo o céu, eu vejo as flores
Os animas, mas nenhum é igual
Ao homem canibal!

Sei que a vida é assim
Mas o que eu posso fazer?
Quando aluém vem me dizer
Homens canibais, homens canibais!

A autoria é do Diego (tecladista) mas minha parcela de "culpa" está em achar, na época, que era a nossa melhor música, rasgando elogios ao futuro sucesso. É a beleza de ter 15 anos...

p.s.: Viram só? Nem sempre sou mal-humorado e carrancudo como no primeiro post aí em baixo! ;)

 
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