Manifesto


Lanço às palavras um desafio: que tentem me provar que são capazes de dizer aquilo que deve ser dito. Que eu não desista delas no instante seguinte ao que as escrevo. Que possam ser mais do que a soma de suas partes e transmitir a Verdade, o Belo e o Justo, ao inferno com os pós-modernos. Do contrário, desisto de enunciá-las.

Que elas tentem, sob meus toques, por exemplo, definir Deus. Usem as maiúsculas, se prefirirem. Seria possível que a retórica mais elaborada convencesse o fiel mais caloroso de que Deus morreu? Ou ao ateu mais convicto de que há uma força suprema que vela por nós? São só perguntas; não podem e nem precisam ser respondidas.

E sobre o amor? Conseguem representar tudo o que passa em corações apaixonados? Ou nesses casos valem mais as concessões silenciosas? Talvez as cartas de amor apenas confirmem o que palavras não ditas já anunciavam há muito tempo.

Isso é apenas um preâmbulo; minhas palavras terão muitos anos e gigabytes para me provar do que são capazes. Do contrário, vou deixá-las de lado e dormir em paz.

Boa noite.

 
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